"Pensei que era moleza mas foi pura ilusão
Conhecer o mundo inteiro sem gastar nenhum tostão"
(Melô do Marinheiro - Os Paralamas do Sucesso)
Esse blog é dedicado a todos que voam, que já voaram e que sonham em voar!





quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Dúvidas

Muitas pessoas que acessam esse blog perguntam sobre a vida e a profissão de comissário de voo. Já fiz vários posts explicando, por exemplo Como se tornar um comissário de vooO outro lado da moedaComissários: modus operandi entre outros que se você, candidato a comissário não tiver preguiça, é só ir rolando as páginas que vai encontrar.  Preguiça é coisa que os comissários não podem se dar ao luxo de sentir.

Uma das características do perfil da profissão é a curiosidade. Você tem que ser uma pessoa curiosa e sempre disposta a aprender e descobrir coisas novas. Senão não dá certo, cai logo na rotina e a gente se desencanta.

Aliás, uma das coisas que NÃO  se deve dizer em seleção para comissário é que você escolheu essa profissão porque "não tem rotina"! Isso só vai mostrar seu total desconhecimento em relação ao trabalho, que é um dos mais rotineiros que existem porque é mecânico, braçal e repetitivo. Só se sai da rotina quando tem uma situação de emergência, coisa que graças a Deus é rara de acontecer! Nem adianta vir com história de "rotina diferenciada"! Rotina é rotina e pronto! É igual gravidez. Ninguém está "meio grávida". Ficou claro?

Encontrei nos comentários algumas dúvidas frequentes dos meus leitores, e como esse blog tem também a missão de informar, escolhi algumas para esclarecer.

Então vamos às dúvidas:

VOOS INTERNACIONAIS
 Quando se começa a faze-los? Existe um tempo mínimo fazendo voos domésticos antes de ir para rotas internacionais? Uma vez que o comissário está na rota internacional ele pode voltar a fazer voos domésticos?
Não existe um prazo mínimo para fazer rotas internacionais. Tudo vai depender da necessidade da empresa. Óbvio que tem que ser uma empresa que tenha rotas internacionais! Todo comissário começa fazendo rotas domésticas. Passar para a internacional é uma espécie de promoção por antiguidade. Se a empresa está crescendo e contratando muita gente a promoção não demora muito. Mas se a empresa estagnar corre-se o risco de ficar na rota doméstica por um bom tempo!
O comissário é habilitado nas aeronaves que a empresa possui. Isso significa que ele vai aonde o avião for. Aeronaves menores (narrow bodies) fazem no geral voos domésticos. Aeronaves maiores (wide bodies) fazem os voos de longa distância. Se a aeronave que o tripulante é habilitado vai a Paris, mas também a Manaus, ele vai para ambos os lugares. Então ele pode fazer voos domésticos também!
Se houver corte de pessoal na empresa e tiver necessidade dele voltar a fazer só rotas domésticas, ele pode voltar a fazer só voos domésticos. É tudo uma questão de necessidade!

EMPRESAS ESTRANGEIRAS
Com excessão da Emirates e da Qatar, que recrutam comissários estrangeiros porque muçulmanos não podem ter contato próximo com pessoas de outro sexo que não sejam seus parentes, eu desconheço outras companhias que o façam. Posso estar errada, e peço a quem souber de mais alguma que deixe aqui registrado porque é de interesse geral. O brasileiro só pode trabalhar em empresa estrangeira se tiver dupla cidadania ou no caso dos Estados Unidos o Green Card, e o mais importante: tem que morar no país onde a empresa opera! Por isso o simples fato de ter passaporte italiano, português ou outro qualquer não serve. Você tem que ser residente no país.
Antigamente algumas empresas tinham base no Brasil, como a Lufthansa e a Japan Airlines, e contratavam comissários brasileiros. Atualmente somente a British Airways tem base no país (em São Paulo), mas há 15 anos não tem seleção para a base SAO.

BASES DE TRIPULANTE
Atualmente, depois do falecimento da Webjet, as únicas bases para tripulantes são Rio de Janeiro e São Paulo. As seleções são feitas em São Paulo, onde a base é maior. Geralmente o comissário começa a voar em São Paulo e depois de um tempo pode pedir transferência para o Rio se quiser. Mas tudo vai depender da necessidade da empresa e do momento da contratação!
Aos que não são do Rio nem de São Paulo, vale lembrar que vocês não precisam necessariamente se mudar de mala e cuia para estas cidades. Podem se utilizar do passe de tripulante para se locomover de sua cidade para a cidade da sua base. Mas tomando o devido cuidado! Por exemplo: se a apresentação do seu voo é às 6 da manhã, não dá para ir no mesmo dia. Você terá que ir de véspera e ter um local para dormir na cidade base. Pode ser hotel, pensão, apartamento dividindo o aluguel, enfim, soluções não faltam!
Obs. Empresas aéreas menores ou não regulares tem bases em outras cidades, como Manaus, Belém e Goiânia. Vale pesquisar também!!!

E respondendo à pergunta do meu leitor Matheus: O QUE É NECESSÁRIO PARA UMA CIA. AÉREA VIAJAR PARA OUTROS PAÍSES?
É necessário fechar um acordo bilateral com os países para onde se tem intenção de operar. Esse acordo é baseado no melhor interesse econômico, visando estimular o turismo receptivo. A designação da empresa aérea que fará o serviço é feita pelo governo brasileiro. O acordo bilateral é ato de governo a governo pela via diplomática. Ou seja, o representante do Brasil se reúne com o representante do outro país e fecham o acordo. O Brasil vai designar qual empresa brasileira fará o serviço, e o outro país também designará qual empresa do país dele vai voar para o Brasil.
Mas a empresa deve comprovar que tem infraestrutura para operar o serviço. Atualmente temos vários slots em aberto. Não sei se por questões burocráticas ou por falta de infraestrutura das nossas empresas ou por falta de interesse do governo brasileiro, que deixou a maior empresa de bandeira do país ir para o ralo e nenhuma outra conseguiu assumir o lugar.
Enfim...