"Pensei que era moleza mas foi pura ilusão
Conhecer o mundo inteiro sem gastar nenhum tostão"
(Melô do Marinheiro - Os Paralamas do Sucesso)
Esse blog é dedicado a todos que voam, que já voaram e que sonham em voar!





sábado, 30 de abril de 2011

Como se tornar comissário(a) de voo




A profissão de comissário de voo encanta muita gente há várias gerações. Como tudo na vida, existe o mito e a verdade atrás dessa atividade glamourosa.

Existem várias informações sobre o assunto na internet para quem tem boa vontade e paciência de procurar. Mas muita coisa fica obscura. Tem muita informação pela metade, truncada ou desatualizada.

Este post é para ajudar a esclarecer quem procura saber detalhes sobre a profissão.

Para se tornar um comissário ou comissária de voo deve-se ter no mínimo 18 anos e ensino médio completo. Oficialmente não há idade máxima para ingressar, mas as empresas variam quanto a isso. Algumas são mais flexíveis e aceitam candidatos acima de 35 anos, mesmo sem experiência. Outras limitam a idade máxima em trinta, trinta e poucos.

Ter nivel superior ou estar cursando pode ser usado como diferencial. Falar inglês ou outro idioma também.
É necessário ter boa aparência, mas ATENÇÃO: Não precisa ser nenhum Brad Pitt muito menos uma Angelina Jolie.
Boa aparência significa ter peso proporcional à altura (gordinhos terão que costurar a boca), dentes brancos e regulares, pele sem marcas, boa postura, boa articulação verbal.

Antigamente as empresas aéreas recrutavam e davam o curso completo. Hoje o candidato deve antes de tudo procurar uma escola de formação de comissários de voo que seja homologada pela ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), que é o órgão que controla a aviação civil brasileira.
Se você mora em um grande centro não será dificil encontrar. Quem mora em cidades menores deve pensar na possibilidade de ter que se locomover.

A duração do curso é de quatro a cinco meses. Ao se matricular o aluno receberá da Escola uma carta de apresentação para fazer o exame médico obrigatório realizado pela DIRSA (Diretoria de Saúde da Aeronáutica), através do CEMAL (Centro de Medicina Aeroespacial), ou outro órgão por ela determinado.

O preço do exame hoje é de R$350,00 aproximadamente, pagos no ato, e consiste em um check up completo: exames de sangue, urina, fezes, raio X de tórax, eletrocardiograma, eletroencefalograma, oftalmologista, otorrino, além de exame dentário e psicotécnico. Quem não for considerado apto não poderá exercer a profissão.

O curso de formação para comissários não é nenhuma faculdade, mas está longe de ser o mamão-com-açúcar que muita gente pensa. Se não se dedicar não passa mesmo!

As matérias passam por regulamentos da profissão, legislação aeronáutica, história da aviação civil, além de conhecimentos básicos de aeronaves, meteorologia e navegação. Os alunos também aprendem primeiros socorros e fazem treinamento prático de combate ao fogo, emergência e sobrevivência na selva.

Ao concluir o curso com aproveitamento, o aluno deve prestar o exame para obter a licença de voo. A prova é on line, feita nas dependências da ANAC. São oitenta questões de múltipla escolha, divididas em quatro módulos.
Se for aprovado, o candidato receberá o número da sua Licença de Voo e será oficialmente um comissário.
Aí já pode enviar curriculos para as companhias aéreas e realizar o sonho de voar sem ter asas!






quinta-feira, 28 de abril de 2011

Comissários: Modus Operandi

Se você já teve curiosidade de saber o que fazem os comissários quando não estão trabalhando a bordo de aeronaves e também não estão de folga em suas bases, esta é a oportunidade de saber.

Muitas especulações são feitas, muitos mitos existem. Na verdade a profissão de comissário, assim como de piloto é muito solitária.
Um dos motivos que fazem as pessoas procurarem a profissão é a falta de rotina que ela proporciona. Mas se esquecem que a rotina, apesar de chata serve para nos dar segurança.

Tirar a pessoa do seu meio, priva-la das coisas e pessoas com as quais ela está acostumada, sua família, seus amigos, sua casa, sua cidade pode causar reações que variam de saudades a uma depressão ou síndrome do pânico.

Comissários são seres gregários. Geralmente andam em grupo. Nos pernoites, para compensar a ausência dos entes queridos e dos lugares que lhes são familiares, elegem outros para frequentarem.
 Restaurantes, bares, lojas, shoppings, etc., que uma vez "descobertos" são divulgados na base do boca-a-boca para os demais e se tornam redutos de tripulantes por algum ou bastante tempo.
 Até que se descubra um local mais adequado. Ou até alguém pisar na bola e queimar o filme dos demais colegas. Aí a gentileza no tratamento daqueles que gastam seu dinheiro no estabelecimento e ajudam a divulga-lo se transforma em "carão" e má vontade.
Ou até que o olho grande do comerciante coloque tudo a perder.

Em Santiago do Chile, por exemplo, havia uma loja de vinhos que costumava dar desconto aos tripulantes que compravam lá. A notícia, claro, foi passando de boca em boca e em pouco tempo todo mundo frequentava a loja.
Mas a ganância subiu à cabeça do gerente e dos vendedores da loja. Assim que o grupo de tripulantes era avistado, iniciava-se uma disputa para ver quem iria atende-los. Misteriosamente os preços subiram e os descontos deixaram de existir.
Claro que os tripulantes foram procurar outros lugares para gastar seu dinheiro, e os vendedores da loja ficaram a ver navios.
Bem feito!

domingo, 24 de abril de 2011

Caixa Preta

As gravações da caixa preta de acidentes aéreos atraem a curiosidade daqueles que adoram uma desgraça.
E dão munição para os urubulinos de plantão que insistem em nos convencer que "Avião é muito perigoso! Olha só o que aconteceu! Você não tem medo não? Olha lá, hein!"

Alguns fazem com a melhor das intenções. Apesar de todo mundo estar cansado de saber que de boas intenções o inferno está cheio. Outros fazem por pura inveja disfarçada mesmo.

A caixa preta dos aviões na verdade é cor de laranja:
A última meia hora de conversa na cabine de comando fica gravada nela. Por isso é tão importante o conteúdo da gravação para uma investigação de acidente.

Quem é chegado numa desgraça pode acessar gravações de caixas pretas no You Tube. Eu não recomendo para quem é impressionável. Fica a critério de cada um...
(risadas satânicas)

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Treinamento prático

Nunca confie num matéria que chama comissárias de voo de "aeromoças". Geralmente são escritas por quem tem pouquíssimo entendimento da profissão.

 A matéria publicada na Folha e no UOL,apesar de ser um tanto tendenciosa, tem seu fundo de verdade. No treinamento prático, os candidatos a comissários de voo passam por alguns apuros.
Vale ressaltar que não é nada ao estilo Tropa de Elite, nem de longe! Não tem Capitão Nascimento (uma pena...), mas mesmo assim tem gente que pensa em "pedir pra sair".

Todo treinamento prático tem os mesmos personagens: o que chora, o que passa mal, o palhaço, o que bota lenha na fogueira, entre outros.

Geralmente o treinamento de sobrevivência na selva é feito em um só dia. Infelizmente um animal é sacrificado, normalmente uma galinha, mas pode ser um coelho. Ao contrário do que insinua a matéria, não é um animal para cada um.

Para os "iluminados" que devem estar "se achando" ao constatarem que na selva não tem galinha: Óbvio que não! Senão seria uma granja, não uma selva! Mas o sacrifício da galinha ou do coelho serve para demonstrar o que fazer caso precise matar um animal qualquer para comer.

Sou contra sacrificar galinhas e coelhos.  Deveria ter um animal boneco para os alunos treinarem.
Não precisei fazer na época do meu treinamento porque segundo as estatísticas, avião que caía na selva não tinha sobreviventes.
Dois ou três anos depois caiu um na floresta amazônica com vários sobreviventes.
Aviação é feita de estatísticas. Mas aí eu já estava voando e não precisei fazer.
Me dei bem!

Quem quiser dar uma olhada é só clicar AQUI